sábado, 25 de maio de 2013

Acerca de duas importantes obras do Porto de nome Maria

Ponte D. Maria Pia 

A ponte D. Maria é uma das cinco travessias sob o rio Douro, todas elas de uma graciosidade de que os portuenses se orgulham.

A ponte D. Maria foi a primeira das cinco e foi construída para a passagem do caminho-de-ferro que, até essa altura (1877), tinha o término em Vila Nova de Gaia. Sendo a sua autoria do engenheiro francês Théophile Seyrig, foi o seu sócio Gustavo Eiffel, quem dirigiu a sua construção que se encontrava a cargo da empresa de ambos. Esta obra era a menina de seus olhos (o mesmo dizia ele à senhora com quem vivia, em Barcelos, durante o tempo que orientava a construção da ponte de Viana, a qual era também da autoria da sua empresa).

Gustavo Eiffel orgulhava-se de estar envolvido em tão bela obra de arte. E se tivermos em consideração que, mais tarde, este engenheiro ficou célebre pela construção da Torre com o seu nome, em Paris e pelas plataformas de suporte da Estátua da Liberdade, em Nova Iorque, melhor perceberemos o valor que esta bela obra de arte tem e o porquê de ser reconhecida como património mundial.

Este belo monumento está a deteriorar-se e é uma pena assistirmos à degradação de uma autêntica maravilha de trabalho em ferro. Interrogo-me se uma mais cuidada orçamentação aquando da construção da Casa da Música possibilitaria a conservação da ponte D. Maria.

Relembro, a propósito, outro episódio, que se passou por volta de 1960, com um jogador de futebol peruano, famoso, chamado Cubillas. Era, nessa altura, considerado um dos melhores, senão o melhor do mundo e, nessa época, estava livre, desde se negociasse o seu passe. Contudo, o preço era tal modo proibitivo, que o Futebol Clube do Porto logo se desinteressou. Foi então que um grupo de sócios e simpatizantes aderiu a uma comissão de angariação de verbas para aquisição do jogador. Não falo nesta situação por questões futebolísticas, mas pela conversa entre dois médicos que escutei num café, na qual iam dizendo que, com aquela quantia, o seu hospital teria possibilidades de adquirir uma máquina e o respectivo laboratório em prol de tratamentos pediátricos.

Noutra mesa, dois jornalistas ouviam com atenção a conversa daqueles médicos e entabularam conversa com os mesmos. Daí surgiu a ideia de, através do jornal O Comércio do Porto, fazer-se algo semelhante ao movimento que levou à aquisição daquele jogador. O povo suplantou as expectativas e, da iniciativa, surgiu o uma máquina única no país para exame precoce no Hospital Maria Pia.

Destas considerações, tirem a ilação que mais convier. 

José Mendonça
in Lembranças de um tempo já passado



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