sábado, 25 de maio de 2013

O futebol cá no Burgo

Aspecto da bancada do campo da Constituição em 1925
fonte: http://museuvirtualdofutebol.blogspot.pt



O futebol deste tempo era entendido como ‘amor à camisola’. Até aos dez anos de idade, a entrada era gratuita. Ainda me lembro de, por cima dos ombros de meu pai, assistir às últimas épocas de ‘Pinga’ (Artur de Sousa era o seu verdadeiro nome), quando o futebol era jogado com bolas de três a quatro quilos e não de quatrocentos ou quinhentos gramas, como agora.

No velho campo da Constituição, num campo pelado rodeado de bancadas de madeira que estremeciam ao se vibrar com os golos do Porto, vi autênticos artistas do futebol, como o Araújo, o Correia Dias, o Soares dos Reis e o Carlos Alves, entre outros. Tive também o grato prazer de ver o Porto ganhar ao Arsenal de Londres, na altura considerado o maior clube do mundo. Mas o que quero evidenciar é que o futebol era uma festa. Não havia clubite. Pais e filhos conviviam.

Também havia os bailes tão bem retratados na canção ‘O Baile da Paróquia’, de Rui Veloso. E também havia outros eventos feitos pelas colectividades. O ‘Abaixa a Tola’, debaixo de uma ramada, que por vezes obrigava a vergar a cabeça, é um exemplo.

O que me pasma é a alegria a rodos que este povo tinha, depois de trabalhar seis dias. Agora, as pessoas são tão isoladas!

José Mendonça
in  Lembranças de um tempo já passado

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