Aspecto da bancada do campo da Constituição em 1925 fonte: http://museuvirtualdofutebol.blogspot.pt |
O
futebol deste tempo era entendido como ‘amor à camisola’. Até aos dez anos de
idade, a entrada era gratuita. Ainda me lembro de, por cima dos ombros de meu
pai, assistir às últimas épocas de ‘Pinga’ (Artur de Sousa era o seu verdadeiro
nome), quando o futebol era jogado com bolas de três a quatro quilos e não de
quatrocentos ou quinhentos gramas, como agora.
No
velho campo da Constituição, num campo pelado rodeado de bancadas de madeira
que estremeciam ao se vibrar com os golos do Porto, vi autênticos artistas do
futebol, como o Araújo, o Correia Dias, o Soares dos Reis e o Carlos Alves,
entre outros. Tive também o grato prazer de ver o Porto ganhar ao Arsenal de
Londres, na altura considerado o maior clube do mundo. Mas o que quero
evidenciar é que o futebol era uma festa. Não havia clubite. Pais e filhos conviviam.
Também
havia os bailes tão bem retratados na canção ‘O Baile da Paróquia’, de Rui
Veloso. E também havia outros eventos feitos pelas colectividades. O ‘Abaixa a
Tola’, debaixo de uma ramada, que por vezes obrigava a vergar a cabeça, é um
exemplo.
O
que me pasma é a alegria a rodos que este povo tinha, depois de trabalhar seis
dias. Agora, as pessoas são tão isoladas!
José Mendonça
in Lembranças de um tempo já passado
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