sábado, 27 de abril de 2013

No tempo da II Guerra Mundial em S. Mamede de Infesta

Estátua do Dr. Germano Sousa  Vieira,
erigida pela população de Gueifâes
em frente à Avenida com o seu nome
  

A Humanidade em favor de outros 

De entre muitas pessoas que conheci, destaco um médico parteiro que, quando chamado a assistir algum paciente, além de nada cobrar pela consulta, ainda deixava dinheiro para a compra de remédios.

Certa vez, a esposa deparou com a arca do seu enxoval, outrora enorme, completamente vazia. O médico levara tudo o que tinha para os doentes mais necessitados.
Noutra altura, um doente queixou-se da barriga. O médico receitou chá de silvas, pois não conhecia cabras com disenteria.

Homem bom, simples e humilde, o Dr. Germano Vieira deslocava-se a cavalo. Um verdadeiro João Semana do século XX. No final da sua carreira, andava num automóvel antigo, que pomposamente dizia ser material de guerra, com muitos cavalos.
A ti um grande bem-haja, estejas onde estiveres, pelo que fizeste pelos pobres da terra.

Nesta altura muito se sofria para obter pão, azeite, sabão, açúcar ou carvão. Chegava-se ao ponto famílias inteiras se revezarem com mantas para passar a noite. Hoje vejo filas imensas aguardar tal como eu naquele tempo. Só que agora é para ver um simples jogo de futebol ou outro qualquer espectáculo ou até para pagar impostos (nem todos precisam de os deixar para o fim).

Voltando às bichas da minha infância, impressiona-me ver pão nos contentores e milhentas coisas mais que, nessa época, matariam a fome. Naquela época, mal acabávamos o ensino escolar, o caminho a seguir era o trabalho.

Outros tempos (felizmente)...


José Mendonça
in Lembranças de um tempo já passado

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