Estátua do Dr. Germano Sousa Vieira, erigida pela população de Gueifâes em frente à Avenida com o seu nome |
De
entre muitas pessoas que conheci, destaco um médico parteiro que, quando chamado a
assistir algum paciente, além de nada cobrar pela consulta, ainda deixava
dinheiro para a compra de remédios.
Certa
vez, a esposa deparou com a arca do seu enxoval, outrora enorme, completamente
vazia. O médico levara tudo o que tinha para os doentes mais necessitados.
Noutra
altura, um doente queixou-se da barriga. O médico receitou chá de silvas, pois
não conhecia cabras com disenteria.
Homem
bom, simples e humilde, o Dr. Germano Vieira deslocava-se a cavalo. Um
verdadeiro João Semana do século XX. No final da sua carreira, andava num
automóvel antigo, que pomposamente dizia ser material de guerra, com muitos
cavalos.
A
ti um grande bem-haja, estejas onde estiveres, pelo que fizeste pelos pobres da
terra.
Nesta
altura muito se sofria para obter pão, azeite, sabão, açúcar ou carvão.
Chegava-se ao ponto famílias inteiras se revezarem com mantas para passar a
noite. Hoje vejo filas imensas aguardar tal como eu naquele tempo. Só que agora
é para ver um simples jogo de futebol ou outro qualquer espectáculo ou até para
pagar impostos (nem todos precisam de os deixar para o fim).
Voltando
às bichas da minha infância, impressiona-me ver pão nos contentores e milhentas
coisas mais que, nessa época, matariam a fome. Naquela época, mal acabávamos o
ensino escolar, o caminho a seguir era o trabalho.
Outros tempos (felizmente)...
José Mendonça
in Lembranças de um tempo já passado
Sem comentários:
Enviar um comentário